Em tempos de desmonte de políticas culturais a cena artística se reinventa

No dia 1º de abril deste ano, o CCBA recebeu o Kulturforum EXTRA Berlin – Recife. O evento contou com a participação da artista colombiana Maria Linares, que vive e trabalha na Alemanha. Com o tema Participação e (re)conquistas urbanas através da arte contemporânea, o debate recebeu diversos coletivos de Recife que trabalham com arte em espaços urbanos. Diante da importância do tema, o CCBA resgata a cobertura não jornalística desse Kulturforum, realizada pela bacharel em história Laura de Sousa a convite do CCBA. No texto abaixo, ela convida para uma leitura crítica do das ideias registradas naquele dia.

DESEJOS DE CRIAÇÃO E CIDADANIA: Cobertura (não jornalística) do Kulturforum EXTRA

Por Laura de Sousa[1]

Falar sobre processos criativos é, sobretudo, pensar sobre formas de vivenciar o tempo, os espaços e os encontros. Estas formas são, muitas vezes, estabelecidas coletivamente. As relações que travamos com corpos, com objetos, com paisagens e com nossas falas reorganizam nossas ações e nossos sentimentos em circuitos diversos. Contudo, quantos de nós percebemos, diariamente, as possibilidades de (re)criação das interações e atuações?

Tal pergunta acrescenta ao processo criativo o objetivo da “tomada de consciência” por parte de indivíduos que, também, formulam suas realidades nos lugares da vivência social. Nesse sentido, a questão pode ser aprofundada: em nossa sociedade, criar é um privilégio? O que permeia, adentra e pode ser extraído da ação criativa? As duas perguntas são, aqui, apresentadas em fluxo, ou desdobramento, para que possamos nos distanciar da ideia de que o ato criativo gera, apenas, objetos ou formas estéticas palpáveis. Assim como se torna fundamental questionar quais sujeitos são reconhecidos com suas capacidades de serem sensíveis e conscientes diante das sistematizações culturais e, por isso mesmo, políticas.

Como enfatiza Henri Lefebvre[2], a cotidianidade é a principal matéria das nossas narrativas e, segundo o historiador, estas últimas afloram das mútuas construções entre cotidiano e arte. Sendo assim, o cotidiano pode agregar Linguagem e transmissão da Experiência aos modos como vivemos as relações e suas temporalidades. Dentro do mundo artístico ocidental, tais preocupações movimentaram diferentes enquadramentos em que artistas abandonaram as salas de exposição e buscaram outras maneiras de sentir e agir. Fundamentalmente, estamos falando da não distinção entre convívio e fazer criativo.

Tal propósito foi potencializado no encontro da artista colombiana Maria Linares com outros artistas, estudantes e pesquisadores do circuito recifense no Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA) no último dia 1º de abril. Com o intuito de ser um momento de trocas e não apenas de recepção do público, o “Kulturforum Extra: Berlin-Recife: Participação e (re)conquistas urbanas através da arte contemporânea” contou com a presença de 20 participantes (entre demais palestrantes e ouvintes) que abordaram diferentes visões sobre lógicas urbanas, educacionais e de criação.

Com formação em filosofia e arte, radicada em Berlim e desenvolvendo pesquisa na Bauhaus, Maria Linares idealiza, junto aos artistas alemães Stefan Krüskemper e Kerstin Polzin, o projeto Citizen Art Day desde o final dos anos 1990. Contudo, a primeira edição se concretizou em 2012. O evento, em períodos de cinco a dez dias, articula múltiplos atores sociais em diferentes cidades e países para o desenvolvimento de diálogos, cursos e, sobretudo, ações coletivas em locais públicos que estabelecem formatos de colaboração entre as pessoas. Em seu relato, Maria Linares mostrou imagens e explicou situações em que cidadãos desenvolveram soluções para uma circulação mais livre de conhecimentos, de expressividades, de bens, de denúncias etc., e tornaram visíveis necessidades que não são atendidas pelos mercados hegemônicos.

Inspirados na premissa de Joseph Beuys (1921-1986) de que todos são artistas, os organizadores e os participantes do Citizen Art Day procuram driblar imposições urbanas de segregação de grupos sociais por meio de criativos reordenamentos de estratégias econômicas que passam a privilegiar a coletividade, a sustentabilidade e a convivência. Sendo espaço-tempo da descoberta artística e cidadã, o projeto enfatiza alternativas educacionais e de formação. Os cursos e Kurzworkshop (tipo de workshop com temáticas ampliadas) contam com colaboradores de diversas áreas e diferentes modalidades de participação. Abrangem o reordenamento comunitário, ações artísticas, ocupações de áreas públicas, feedback por meio de redes sociais, publicações e o incentivo ao financiamento via Crowdfunding.

Em sua narrativa, Maria Linares apontou fatores que revelam como a necessidade de repensar desenvolvimentos urbanos e econômicos passou a ser discutida e difundida em diversos países e culturas. Nesses contextos, mais do que entregar soluções prontas, a proposta do Citzen Art Day é chamar atenção para o constante movimento de criação política e estética em que podemos estar inseridos. Movimento que se valoriza no cotidiano e suas múltiplas linguagens, abarcando, sobretudo, momentos de participação espontânea. Um exemplo, apresentado por Linares, de como isso se dá na prática é o Mercado de Capacidades onde uma situação de feira livre oferece cursos e o modelo de chamar e inscrever os interessados é completamente desburocratizado. Outro sentido de autonomia produtiva é a colaboração na manufatura de produtos, assim se desenvolveram trabalhos de costura comunitária em que cada pessoa podia aprender e ajudar sem imposições sobre o tempo de trabalho e os formatos das peças.

A experimentação narrada por Linares revela, sobretudo, a sensibilidade diante de problemáticas específicas de cada lugar ou comunidade. Situações artísticas também carregam denúncias e temas que desvelam unidades e, ao mesmo tempo, distinções. Assim, ações desenvolvidas na Colômbia priorizaram o interesse por estudos de gênero e memórias coletivas sobre os mortos. A contribuição de professores e artistas africanos, na Alemanha, resultou na Universidade das Árvores, obras/situações artísticas que ativam o diálogo e o pensamento social sobre o que se deseja para a comunidade e as possibilidades artísticas do cotidiano.

Focando as particularidades políticas, econômicas e artísticas, (inter)ações em curso no Recife adentraram as trocas experienciais que se desenrolaram no encontro promovido pelo CCBA. Como a maior parte das cidades tratadas por Maria Linares, o Recife tem, nos últimos anos, reestruturado seu debate sobre urbanização. Em um cenário de acirramento das disputas econômicas e políticas, os debates públicos em áreas abertas apontam as desigualdades no acesso à moradia e aos serviços sociais básicos e são uma das estratégias para a já mencionada tomada de consciência dos sujeitos diante da expressão de desejos e ações concretas.

Quando ampliamos o campo a ser observado, lidamos com a formação de redes que não são apenas interpessoais, mas que entrelaçam e confrontam realidades, interesses, problemas e esferas de poder. Complexidade que ultrapassa a polêmica específica sobre o conceito de “revitalização” e/ou “ocupação” que deve ser empregado no terreno onde se encontra o Cais José Estelita. A crítica à administração pública – que sistematiza acordos com construtoras privadas em uma estruturação de cadeias de consumo que favorece o uso do carro e a elevação do custo da moradia (consequentemente, dos serviços prestados ao redor dos empreendimentos imobiliários que se espalham pela cidade) – chega aos espaços da política para a arte e suas linhas de formação. Ao longo das últimas gestões municipal e estadual, o que se constata é o desaparelhamento de instituições públicas que ofereciam projetos artísticos e educacionais contínuos, tais como museus, centros de pesquisa e formação, festivais e demais eventos que colocaram o Recife em um destacado calendário artístico nacional.

No sentido de que viver a cidade é, também, viver suas ideias artísticas, foram trazidas para o debate críticas acerca da noção de entretenimento que centraliza os investimentos públicos em áreas da cidade que servem mais a uma parcela de consumidores dispersos do que a um público que se quer autônomo e criador de seu conhecimento artístico. Para além do sucateamento de quase todos os espaços físicos usados para expor arte, a descontinuidade dos projetos de formação e de financiamento é, atualmente, denunciada enquanto se coloca em circuito as alternativas colaborativas de atuação.

Tal abertura dos discursos críticos, no CCBA, foi direcionada por criadores de propostas colaborativas em casas/ateliês e no próprio movimento da cidade.

Casa do Cachorro Preto

Localizada na Rua Treze de Maio, em Olinda, a Casa do Cachorro Preto é definida como um quintal/ateliê/galeria/espaço cultural dirigido pelos artistas Raoni Assis e Sheila e tem por objetivo integrar expressões artísticas e ser um ponto de encontro em meio às referências entre o patrimônio e a arte contemporânea. Sua organização torna fundamentais as parcerias artísticas e de produção que ocorrem de forma espontânea e garantem a intensa movimentação da agenda da casa. Em seu contexto específico, a Casa do Cachorro Preto articula soluções diante da desestruturação das políticas públicas para as artes e, por isso mesmo, da instável formação do público e do mercado de arte local.

Casa do Cachorro Preto 01 – Foto: Divulgação

Casa do Cachorro Preto 02 – Foto: Divulgação

Esses são os desafios, aliás, enfrentados por todos que estiveram presentes no evento. Ainda em suas falas, Sheila e Raoni enfatizaram a dificuldade em atrair um público que, normalmente, está excluído dos espaços tradicionais da arte. Nesse sentido, a arte está relacionada a posicionamentos políticos que dão identidade às suas propostas e que integram suas ações à realidade cultural. Seus organizadores compreendem a inserção no mercado da arte como um processo de economia colaborativa que se preocupa, sobretudo, com questões ambientais e sociais. Destacam a consciência sobre o uso de recursos do ambiente, a integração de classes sociais e a defesa de debates e discursos não partidários de combate ao machismo, ao racismo, à homofobia e demais formas de extremismos opressores. Nesse caminho, desde 2012, o projeto divulga artistas que não são recepcionados em espaços tradicionais por meio de curadorias informais que legitimam desejos e necessidades de atuação.

Produtora Colaborativa PE

Em seguida, o encontro contou com a participação da Produtora Colaborativa PE que foi representada por Pedro Jatobá e Carlos Luna. Sua atuação está voltada para pesquisas sobre tecnologia que facilitam projetos pautados na autonomia social e na sustentabilidade. A produtora, em seus cursos e encontros, valoriza a democratização do acesso à produção e ao uso de tecnologias digitais. Os trabalhos, muitas vezes, agregam tecnologia livre e sem patente associada ao empreendedorismo e ao cooperativismo, fatores que tem por base a criatividade de seus agentes. Em uma rápida explanação, Pedro Jatobá mencionou os espaços públicos ocupados – como, por exemplo, a Concha Acústica da UFPE para reuniões, cursos e shows para arrecadação de contribuições – e a mobilização de sujeitos que atuam no comércio popular e de rua.

Produtora Colaborativa PE  – Foto: Divulgação

Mau-Mau

Como já pontuado, os mecanismos de criação e de participação política popular, aqui tratados, direcionam compreensões sobre protagonistas sociais que ainda estão construindo os significados de seus papeis e de seus objetivos em constante diálogo com o fluxo da cidade e com as diversas lógicas de relações. Dando continuidade aos olhares sobre o espaço artístico e seu entorno, a artista Lia Letícia contou sobre o funcionamento da Mau-Mau. Localizada no bairro do Espinheiro, no Recife, a casa abriga ateliês colaborativos para financiamento e realização de muitos encontros. Em um primeiro sentido, a casa se apresenta como forma de resistência ao boom imobiliário que se encontra no cerne das disputas pelo planejamento e ocupação urbana. Resistência contra a verticalização que domina a paisagem e contra os modos de tornar o lugar privado uma barreira aos diálogos entre esferas sociais. Em segundo, promove cursos e exposições para a transmissão de conhecimentos práticos, comercialização de produtos artísticos e troca de serviços. Lia Letícia falou, também, sobre a necessidade de incentivar as visitações ao espaço para além do momento de abertura e de lançamento das exposições. Por isso, o seu funcionamento corresponde à informalidade de produção e montagem, à transversalidade de linguagens artísticas, à abertura de ações para crianças e aos “ruídos” gerados pela vivência em aberto com a cidade.

Mau-Mau 01 – Foto: Divulgação

Mau-Mau 02 – Foto: Divulgação

Casa da Rua

Trilhando percurso muito parecido com os da Mau-Mau e da Casa do Cachorro Preto, a Casa da Rua está entre os centros independentes de fomento artístico mais atuantes no bairro de Casa Forte. Reformada em 2015, a Casa abarca as mesmas preocupações sobre a formação crítica do público e produção colaborativa de práticas expositivas. Sobre tais planejamentos, o artista Eduardo Souza chamou atenção para a constituição de redes de trabalho e de escoamento de pensamento crítico sobre arte na cidade e em outros eixos culturais do país. Por meio de uma confluência de pesquisadores e artistas interessados na prática expositiva, a Casa da Rua articula cursos sobre técnicas artísticas, concepções curatoriais, planejamento expográfico e montagem.

Casa da Rua 01 – Foto: Divulgação

Casa da Rua 02 – Foto: Divulgação

No geral, os integrantes dos três espaços independentes defenderam a liberdade de organização das ações artísticas, o diálogo direto entre colaboradores, a articulação de propósitos políticos, a valorização das inter-relações entre os centros artísticos que, atualmente, apresentam pautas mais regulares e instigantes do que os espaços institucionalizados da cidade.

Os contatos e as formas de sentir a cidade e suas memórias foram as temáticas abordadas por artistas que apresentaram seus trabalhos poéticos e estéticos no encontro. Cristina Huggins e Marcelo Silveira trouxeram as ações 1 Dedo de Prosa e A Escada da Felicidade realizadas, respectivamente, no Recife e em Gravatá (Agreste pernambucano). Refletindo sobre atos que tecem afetos com a cidade e nos levam a mergulhar em suas distintas temporalidades, os artistas criaram situações que intensificam a percepção do direito que temos de recriar os modos de vivê-la. Nessa construção poética, os participantes espontâneos de conversas e registros de memórias são artistas que contribuem com suas lembranças, suas vozes, suas opiniões e seus instantes de liberdade. Cristina e Marcelo, por meio de exposições e publicações, desvelam (re)significações entre gerações, trançam depoimentos, fotografias e defendem o interesse sobre narrativas que a história oficial não recepciona.

Com proposta diferente, Bruna Rafaella Ferrer trouxe os sons e personagens do Centro do Recife como objetos principais de suas práticas colaborativas. As reuniões do grupo de desenho com modelo vivo, intitulado Risco!, no Edf. Pernambuco, localizado na Av. Dantas Barreto, já configura a experimentação dos movimentos e ruídos daquela área. Com arquitetura de diferentes momentos históricos, muitos de seus detalhes são apreciados por aqueles que caminham por suas ruelas, registrando um labirinto de imagens, códigos comunicativos, desigualdades, azulejos, calçadas, conflitos (entre árvores e concreto, entre histórico e contemporâneo, entre beleza e poluição), etc. Esses e outros fragmentos compõem o Guia Comum do Centro do Recife, publicação organizada por Bruna Rafaella e amigos em 2015.

Engendrando uma crítica ao uso do espaço público para a propaganda de candidatos políticos em períodos eleitorais, Ana Lira relaciona pesquisas de imagens nas ruas com a criação de estruturas e/ou situações expositivas que comunicam as alterações que as intervenções da cidade provocam nos discursos das campanhas eleitorais. O trabalho Voto conta com a participação dos moradores dos bairros visitados pela artista e mapeia restos de cartazes de propaganda política pela cidade. A montagem em salas expositivas faz parte da necessidade de pensar o que a fruição nos espaços da arte pode agregar aos discursos e contradições das experiências nas ruas. Para a artista, pesquisas, exposições e diálogos integram etapas criativas que se alimentam mutuamente e se transformam na pretensão de inventar a possibilidade de “construirmos juntos”.

Ocupação Relíquias

As investigações sobre o “construir juntos” da arte encontram, também, na prática expositiva em si um terreno fértil para problematizações sociais e estéticas. Uma exposição, no contexto profissional, é sempre resultado das trocas entre agentes de diferentes áreas. Com essa compreensão, o Coletivo Expográfica experimenta a situação expositiva como obra vivencial e não como mero cenário para a exibição do sentido mais tradicional da obra de arte. Formado pelos artistas e pesquisadores Eduardo Souza, Laís Castro, Laura de Sousa e Renata Pimentel, o coletivo nasceu de um grupo de estudos que reunia estudantes e artistas na Casa da Rua. Tecendo explicações sobre o projeto Ocupação Relíquias (2015), os integrantes contaram como pesquisas históricas e artísticas foram as bases para a criação de um labirinto/instalação que, em termos de cenografia e conceito, ativa sensações de incerteza (tal como quando relacionamos memórias individuais com memórias coletivas) e de compreensão irônica sobre o fetiche dos objetos em museus e sobre as narrativas históricas hegemônicas. Os trabalhos do coletivo se desdobram em oficinas de aprofundamento crítico e de criação, contando com parcerias institucionais para viajar com projetos e cursos dentro e fora de Pernambuco.

Ocupação Relíquias 01 – FOTOS: Maíra Gamarra/Editora Expográfica

Fechando o panorama local que se fez em diálogo com a fala de Maria Linares, Aslan Cabral mostrou imagens de ocupações coletivas na praia de Boa Viagem (Recife-PE) com o objetivo de convidar as pessoas a serem expectadoras da passagem do tempo por meio das mudanças nas marés e na luminosidade do dia. Misturando música com artes visuais, performances e contatos entre os visitantes, todos se tornam artistas que modificam a paisagem e as práticas corriqueiras de um dia de lazer na areia e no mar.

Sabe-se que o mundo da arte, há décadas, provoca tensões em seus espaços, entre sujeitos e suas formas de legitimação. No entanto, os contextos acabam por ter suas particularidades e facetas. A ideia que se intensifica, via debate, é a de que a “tomada de consciência” política e econômica passa, também, por uma concepção estética da ação social. Esta última deve potencializar a emergência de significados e reorganizar papeis sociais, fazendo com que indivíduos que não se percebiam atuantes repensem seus comportamentos e objetivos. Pretende-se que as estratégias de uma arte/cidadã, aqui exemplificadas, sejam vistas não como utopias ou “romantismo” (no sentido mais ingênuo do termo), mas como micro-espaços abertos, no cotidiano, que se tornam novas fórmulas de pertencimento comunitário.

Sendo um campo que cruza muitos “outros” e seus conflitos, a cidade deve ser palco para a constante descoberta sobre como devemos ser e sobre como devemos nos relacionar. É preciso arriscar outros formatos e integrar extratos ou grupos sociais que, pela própria lógica das distinções urbanas, não se encontram e/ou não se compreendem. O que se transforma é, justamente, a nossa concepção sobre o que é criar e quem pode tomar para si essa situação de autonomia e, ao mesmo tempo, de partilha do que nos é comum.

Quando alargamos nossa concepção sobre o que é criar, podemos alargar nosso olhar sobre onde e como queremos viver.


 [1] Bacharel em História (UFPE), doutoranda no Programa de Pós-graduação em Sociologia (UFPE). Desenvolve pesquisas sobre práticas artísticas e integra o Coletivo Expográfica, trabalha e vive no Recife.

 [2] LEFEBVRE, Henri. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991.

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– Kulturforum EXTRA: Berlin – Recife (MARÇO/2016)