No mês em que Roberto Burle Marx (SP, 1909 – RJ,1994) completaria 109 anos, o Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA) visita a obra do paisagista, que morou na Alemanha e também no Recife, onde trabalhou à frente do Setor de Parques e Jardins do Governo do Estado.
O estado atual de praças e jardins projetadas por Burle Marx na capital pernambucana e a importância do paisagismo como política pública estão entre os temas debatidos no Kulturforum realizado na segunda-feira (27/8), às 19h, no CCBA. O encontro é aberto ao público, com entrada gratuita.
O Kulturforum representa um espaço livre de debates contemporâneos em clima informal. A troca de ideias, desta vez, é fomentada pela apresentação de um ensaio fotográfico da fotógrafa Ashlley Melo produzido no início deste mês exclusivamente para o evento.
Burle Marx criou mais de 10 jardins públicos para a capital pernambucana, além de 50 outros projetos (públicos ou privados). O primeiro deles foi a Praça de Casa Forte, em 1934, mesmo ano em que ele assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco.
Algumas obras do paisagista no Recife já são consideradas monumentos nacionais. Elas foram tombadas em novembro de 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 2017, o arquiteto mexicano Saúl Alcántara Onofre sugeriu a inclusão de seis jardins projetados por Burle Marx na lista de indicações do Brasil ao título de patrimônio mundial concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Tais medidas expressam a importância da preservação desse patrimônio pelo poder público e pelos habitantes da cidade. Além disso, áreas verdes e espaços de convivência são fundamentais para a qualidade de vida nos centros urbanos. Com o Kulturforum sobre Burle Marx, o CCBA pretende contribuir para a troca de ideias sobre educação patrimonial e ambiental.
FORMAÇÃO DE BURLE MARX
Bem antes de se mudar para Pernambuco, Burle Marx foi com a família para a Alemanha em 1928. Integrou-se à vida cultural de Berlim e ficou entusiasmado ao encontrar espécies da flora brasileira nos jardins e museus botânicos de Dahlem. Após retornar ao Brasil, ele estudou pintura e arquitetura entre 1930 e 1934 na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em seus trabalhos como paisagista, a pesquisa sobre a natureza brasileira é uma característica fundamental. Plantas do cerrado, da Amazônia e do Sertão nordestino foram utilizadas em suas obras. Burle Marx também foi arquiteto, decorador, pintor, desenhista, escultor, gravurista, tapeceiro, ceramista e designer de joias.