Entre os filmes anunciados para o 69º Festival Internacional de Cinema de Berlim está o brasileiro Marighella, primeiro longa-metragem dirigido por Wagner Moura. Ele estreia na mostra principal da Berlinale, como também é chamado o evento, que ocorre de 7 a 17 de fevereiro de 2019. O Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA) mais uma vez estabelece uma parceria com a Revista Continente para que a jornalista Luciana Veras acompanhe as sessões e debates que movimentam a cidade.
Marighella é inspirado na vida do guerrilheiro baiano Carlos Marighella. Seu Jorge (no papel principal), Adriana Esteves (Clara), Bruno Gagliasso (Lúcio), Humberto Carrão (Humberto) e Luiz Carlos Vasconcelos (Branco) estão no elenco do longa produzido pela O2 Filmes em coprodução com Globo Filmes e Maria da Fé. As filmagens ocorreram na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
“Marighella joga luz sobre um dos personagens mais fascinantes da história recente do Brasil. É um filme de ação para jovens e adultos, amparado por uma tradição fílmica absolutamente brasileira, mas que, acima de tudo, respeita a inteligência e a sensibilidade das pessoas”, apresenta Wagner Moura.
O ator e cantor Seu Jorge aposta que a obra vai tirar o fôlego do público: “Marighella é um filme que fala da eterna luta pela liberdade e pelo progresso e das lutas em geral do povo brasileiro, um povo guerreiro e trabalhador, marcado pela superação. Estamos trabalhando a beleza e a precisão desse filme, na vontade e no desafio de recontar esta parte da história do Brasil”.
A sinopse dá mais algumas dicas sobre o tom do longa-metragem que deve entrar no circuito comercial ainda em 2019: “1969. Marighella não teve tempo pra ter medo. De um lado, uma violenta ditadura militar. Do outro, uma esquerda intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir, o líder revolucionário escolheu a ação. Em Marighella, filme dirigido por Wagner Moura, o inimigo número 1 do Brasil tenta articular uma frente de resistência enquanto denuncia o horror da tortura e a infâmia da censura instalados por um regime opressor. Em uma experiência radical de combate, ele o faz em nome de um povo cujo apoio à sua causa é incerto – enquanto procura cumprir a promessa de reencontrar o filho, de quem por anos se manteve distante, como forma de protegê-lo”.
Sobre a Berlinale, Wagner Moura ressalta: “Berlim é de longe o meu festival de cinema favorito. Estive lá três vezes, sendo que em uma delas saímos com um Urso de Ouro. Fiquei muito feliz com a forma com que eles receberam meu primeiro filme lá, colocando-o na mostra principal. Berlim é também, de todos os grandes festivais, o mais político. Faz todo sentido que Marighella estreie lá”.
Mesmo fazendo parte da mostra principal da Berlinale 2019, Marighella não concorre ao Urso de Ouro (é comum que filmes participem das mostras em festivais sem estar em competição). O prêmio já foi conquistado por Central do Brasil (em 1998, quando Fernanda Montenegro foi agraciada com o Urso de Prata de Melhor Atriz) e Tropa de Elite (em 2008). Além de interpretar o Capitão Nascimento nos dois longas-metragens dirigidos por José Padilha, Wagner Moura também participou da Berlinale como parte do elenco do filme Praia do Futuro, de Karim Aïnouz.
BRASIL NA BERLINALE
O documentário Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, do pernambucano Marcelo Gomes, participa da mostra Panorama na Berlinale 2019. O longa-metragem Greta, de Armando Praça, é outro representante brasileiro nesta edição do festival. Ambos são produzidos pela Carnaval Filmes, dos pernambucanos João Vieira Jr. e Nara Aragão.
CCBA E CONTINENTE
Enquanto a Berlinale 2019 não começa, você pode conferir os textos feitos pela jornalista Luciana Veras em 2018, reunidos neste blog. A jornalista também participou de uma edição do Kulturforum em julho daquele ano, na qual falou sobre a experiência de cobrir o evento alemão e as perspectivas para os festivais de cinema. O encontro aberto ao público promovido pelo CCBA foi registrado neste texto.