Na última semana, o CCBA recebeu dois workshops marcados por inovação, meio ambiente e cooperação.
No dia 16 de março de 2017, o Centro Cultural Brasil-Alemanha recebeu o Workshop Desafios Climáticos – Aviação Civil e Perspectivas para Diminuição de Impactos Ambientais e Compensações. O evento foi marcado por cooperação, debates e presença de representantes do atual cenário da aviação.
A cônsul geral da Alemanha no Recife, Sra. Maria Könning-De Siqueira Regueira, foi convidada para abrir o Workshop. Em seu discurso, ressaltou a importância do tema e do estudo da língua alemã no Norte e Nordeste, assim como o papel do CCBA nesta missão. “Posso afirmar que a contribuição do CCBA nesse aspecto é a maior aqui no Nordeste”, falou a cônsul.
Na parte da manhã, o climatologista Carlos Nobre abriu os trabalhos do dia traçando um panorama da conjuntura climática da Terra. “O clima já responde à ação humana. Por isso, vivemos hoje o antropoceno, período cuja principal característica não é necessariamente o aumento da temperatura da terra, mas a velocidade muito acelerada deste processo”, disse o professor. Sua fala também contemplou o Acordo de Paris, assinado dem 2015, e as perspectivas (e riscos) deste tratado com o Governo Trump, presidente com posições ambíguas sobre o aquecimento global.
Logo após o especialista, Alexandre Rodrigues Filizola, representante da Anac, apresentou dados sobre a evolução das emissões de CO² na aviação civil brasileira. Filizola mostrou cálculos realizados para que os aviões emitam menos dióxido de carbono na atmosfera, onde o consumo de combustível (que libera CO²) dividido pela carga voada resultaria na eficiência energética da aeronave. “A Anac busca controlar danos como a emissão de CO² e poluentes como metano, visando a eficiência ambiental das aeronaves”, explicou o especialista.
O convidado Florian Eickhold, representante da Atmosfair (Alemanha), encerrou o turno matinal do Workshop com uma explanação sobre a importância da compensação do dióxido de carbono para a sustentabilidade. Segundo ele, toda vez que pegamos um vôo, o nosso peso interfere na emissão de CO² – assim, a ideia da Atmosfair é calcular esta interferência para que o indivíduo possa compensá-la por meio da doação de dinheiro para projetos socioambientais que controlam ou barram a emissão de CO² na atmosfera. Também é possível que o doador acompanhe a evolução do projeto que doou. “Todos os nossos projetos de compensação são certificados pelas Nações Unidas (Framework Convention on Climate Change) e pela Gold Standart, Climate & Sustainable Development. As certificações asseguram a sustentabilidade dos projetos, garantindo redução de emissões e benefícios sociais e ao desenvolvimento”, afirmou Eickhold.
Já no período da tarde, as palestras foram iniciadas pelo Embaixador da Alemanha responsável por assuntos ambientais, o Dr. Lutz Morgenstem. Em sua fala, o convidado reforçou os desafios ambientais para o ano de 2017 e o importante papel da Alemanha em assumir a presidência do grupo mundial G20. Dr.Lutz reafirmou também o valor da cooperação internacional e como o Brasil têm sido um grande parceiro em demais projetos. Ainda em seu discurso, o Embaixador promoveu a ideia de associação entre proteção ambiental e crescimento econômico, sugerindo que essa união pode levar a geração de empregos e diminuição no consumo de energia primária. Sobre projetos futuros, Dr. Lutz apresentou o “IKI Re-Fuels”, uma proposta ainda sem acordos formais, mas que pretende gerar o fornecimento de combustíveis oriundos de eletricidade renovável para os meios de transporte que não podem operarcom energia elétrica. “Estou convencido que podemos aprender muito uns com os outros e tornar a implementação do Acordo de Paris em uma história de sucesso econômico”, finalizou o embaixador.
Seguindo a agenda do evento, o CCBA também abriu espaço para o representate da Gol Companhia Aérea, Mike Lu. O convidado apresentou os projetos de iniciativa para diminuir e compensar emissões dos gases poluentes, adentrando nas questões do Biocombustível para a aviação. Mike Lu expôs como embasamento a “Agenda Positiva para o Desenvolvimento Sustestável – Pernambuco 2030”, documento que reúne as principais propostas de cooperação da empresa com o meio ambiente. Entre os projetos, estão alguns voltados para o Reecatingamento, a Revitalização das Bacias Hidrográficas, a descarbonização com a Plataforma Pernambucana de Bioquerosene e Renováveis, entre outros. Algumas propostas, entretanto, foram questionadas pelos representantes das organizações Caatinga e Sabiá. Mike Lu esclareceu que esses projetos estão sujeitos a mundanças e estarão em breve abertos a discussão pública. À noite, evento terminou com a mesa redonda de debates, seguida de uma confraternização entre o público, convidados e representantes.
Já na sexta-feira, dia 17 de março de 2017, o Workshop Nordeste: perspectivas para projetos climáticos socioambientais reuniu, também no Centro Cultural Brasil-Alemanha, representantes de projetos ambientais e ONGs do Nordeste com especialistas do exterior em projetos na área ambiental. O objetivo do evento era identificar potenciais e implicações de projetos climáticos com certificações com cooperação alemã e internacional na região.
O workshop também marcou o lançamento do Prêmio Georg Marcgrave de Biodiversidade e Desenvolvimento Socioambiental, iniciativa pioneira do CCBA para reconhecer, valorizar e apoiar grupos da população de baixa renda nas áreas urbanas e rurais que apresentarem práticas ou tecnologias socioambientais exemplares. Estes grupos são estimulados a apresentarem pequenos projetos para concorrer ao prêmio, que terá mais informações no nosso site em breve.
Na parte da manhã, o evento teve início com o bolsista da Universidade Federal Rural de Pernambuco Jan Thomas Alshuth, que abordou os conceitos da chamada economia verde, explanando também suas contradições, chances e possíveis debates. Segundo Thomas, a economia verde é um dos pilares para atingir os objetivos do desenvolvimento sustentável estabelecidos pela ONU para o milênio. “A relação entre o desenvolvimento sustentável e a economia verde é de complemento, e não substituição”, afirmou.
As origens da economia verde datam de movimentos sociais politicamente ecológicos no século XX, onde a atmosfera seria o alicerce da sociedade e a sociedade o alicerce da economia. Entre os conceitos explorados por Thomas, destacam-se a internacionalização do meio-ambiente, novas tecnologias para aprimorar a exploração dos recursos naturais e a descarbonização da economia.
Dando continuidade ao Workshop, o Professor Heitor Scalambrini, Mestre em Ciências e Tecnologias Nucleares pela Universidade Federal de Pernambuco, mostrou como funciona um projeto de microgeração de energia solar, tanto para áreas urbanas como rurais. O princípio da sua estrutura, segundo Scalambrini, está na energia solar fotovoltaica.
A Microgeração de Energia Distribuída é uma usina geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 kW, que utilize fontes de energia renovável conectada na rede de distribuição, como a energia solar fotovoltaica. Já a minigeração de Energia Distribuída diz respeito às centrais geradoras com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 Megawatt (MW), para a fonte hídrica, ou 5 MW para as demais fontes. Em geral, os sistemas fotovoltaicos com energia solar podem ser classificados como isolados (sem a rede) ou conectados à rede, injetando energia.
No período da tarde o primeiro palestrante a dar continuidade ao Workshop promovido pela CCBA, foi o então convidado Thilo Shim, ECOHAUS Consult, que trouxe como principal temática o estudo preliminar de “Mapeamento de Tecnologia Sociais e Novas com relevância climática para a região NE” feito em parceria com a Cáritas Suiça. Sua fala contemplou os objetivos principais do programa e importância de existir uma pesquisa sobre o Nordeste, além do semiário e o processo de desertificação. Os critérios, caracteristicas e divisões do mapeamento também foram expostos. Como conclusão, o estudioso defendeu um olhar específico para as mudanças climática e o combate a pobreza. Para isso, aposta em um Sistema Integrado de Biogás, nas diversas modadlidades do Mercado de Carbono e na Agricultura familia, por exemplo.
Dando continuidade às palestras, outro convidado importante para a construção do evento foi novamente Florian Eickhold, representante da Atmosfair (Alemanha). Em sua apresentação, o palestrante explicou o desenvolvimento do trabalho da Atmosfair e seus principais projetos. Florian esclareceu também como funciona o mercado de compensação de carbono e a importância da cooperação internacional nesse programa. Alguns projetos foram citados, entre eles o “Eficiência energética em fogões domésticos”, que segundo Florian, contempla critérios como redução de emissões, beneficios ao desenvolvimento e beneficio social. Para o futuro, o convidado afirma o interesse da Atmosfair em iniciar um diálogo com as linhas aéreas brasileiras.
A partir da semana que vem, a cobertura completa em vídeo e mais detalhes sobre as palestras serão divulgados no nosso canal do YouTube.