Texto: Eugênia Bezerra

O turismo pode ser uma oportunidade de aprendizado para quem viaja e quem recebe, além de uma fonte de emprego e renda. Quando se torna massivo, no entanto, provoca um impacto social e ambiental na localidade, podendo transformar-se em obstáculo para a preservação de patrimônios materiais e imateriais. O tema Turismo ecológico, social e comunitário foi debatido no Kulturforum do dia 8/10, em uma noite de diálogo no Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA) com pernambucanos que atuam nesta área estimulado por experiências relatadas pela jornalista Christine Wollowski.

Há mais de 15 anos, a alemã viaja pelo Brasil conhecendo experiências de turismo alternativas, que podem contribuir para o desenvolvimento local sustentável e proporcionam experiências mais próximas entre viajantes e anfitriões. “Há algumas características para a definição de turismo de base comunitária, como a distribuição de renda entre a comunidade. É diferente do convencional, daqueles casos em que chegam grandes empresas internacionais e investidores de outros locais, quando há uma concentração de renda e poder e a exclusão de outros grupos”, esclarece Christine.

“Nas experiências comunitárias, de maneira associativa, as pessoas organizam arranjos produtivos locais, possuindo o controle efeito das terras e das atividades econômicas associadas à exploração do turismo”, continua a jornalista alemã.

“A atração principal é o estilo de vida da comunidade, projetos sociais, tradições culturais e as atividades econômicas locais. Existe um intercâmbio, o turista aprende, não chega lá e assiste a um show ‘folclorístico’”, ressaltou Christine, que usa a palavra para definir apresentações produzidas especialmente como uma atração para o turista, algo que é diferente de mostrar a ele uma manifestação cultural tal como ela é.

A jornalista alemã apresentou aos participantes do bate-papo no CCBA detalhes sobre as experiências de turismo comunitário na Prainha do Canto Verde (CE), na Reserva Mamirauá (AM) e do projeto Rio Top Tours no Morro de Santa Marta (RJ).

“Na Prainha do Campo Verde houve um pacto social para a utilização do terreno, a posse da terra hoje é da comunidade. Nove comunidades participam do turismo na Reserva Mamirauá, a pousada é flutuante e sustentável, eles repassam os lucros para a comunidade fazer melhorias. O Rio Top Tours chegaria a vários morros do Rio de Janeiro, com guias capacitados, em dois meses de lançamento eles chegaram a 5 mil pessoas”, resume Christine.

TURISMO NO RECIFE

Participaram do Kulturforum de outubro Jorge Carneiro, do Polo Cultural Bomba do Hemetério, Edy Rocha e Nalvinha da Ilha, do Saber Viver/ Ilha de Deus, dois projetos que Christine já conhecia.  Roderick Jordão representou a La Ursa Tours no encontro promovido pelo CCBA.

O tema do próximo Kulturforum, realizado ainda em outubro, é a dança e o debate será conduzido pela equipe do Guiar – Festival Internacional de Screendance.

SOBRE CHRISTINE WOLLOWSKI

Há mais de quinze anos, a jornalista alemã Christine Wollowski viaja pelo Brasil em busca de experiências de turismo ecológico e social, o que a tornou uma verdadeira especialista nesta área. Escrevendo para os mais renomados jornais alemães, ela conhece as expectativas do público alemão em relação ao Brasil, ao mesmo tempo em que procura destinos e formatos alternativos de um turismo que aproximem pessoas e possam contribuir para o desenvolvimento local sustentável.